Em algum momento, você já se sentiu fazendo um grande esforço para manter a postura de alguém que tem tudo sob controle e aparentar estar tudo bem?
Certamente todos nós podemos responder a essa pergunta de forma positiva, afinal isso é algo comum para uma sociedade que impõe a necessidade de sermos fortes e termos o controle de tudo a todo tempo. Somos ensinados a não demonstrar vulnerabilidade de forma alguma.
Hoje, eu te convido a quebrar esse padrão e desmistificar a ideia de que para sermos relevantes precisamos projetar uma perfeição que não existe. Muito pelo contrário, é hora de entendermos que temos muito a ganhar e a aprender quando passamos a ser mais honestos em relação aos nossos receios e inseguranças com tudo aquilo que não podemos controlar.
A escritora Brené Brown, referência no assunto, nos apresenta a uma perspectiva diferente da que temos sobre vulnerabilidade, em que saímos de um lugar de vergonha e fraqueza para um lugar de poder e de novas oportunidades. Vamos entender melhor?
Se formos ao dicionário, quando algo ou alguém se encontra em situação vulnerável isso significa fragilidade, estado de fraqueza.
E de fato, quando estamos vulneráveis estamos diante de algo que foge do controle, suscetíveis a reação e a opinião do julgamento alheio, ao erro. Tudo isso nos dá medo, por isso, tendemos a acreditar que a vulnerabilidade é algo ruim, da qual precisamos fugir.
Mas você sabe quais são as consequências disso? Não enfrentar a vulnerabilidade é acumular ansiedade, inseguranças e vergonhas. É fugir da vida e das situações como elas são, reais, perder oportunidades de crescer e permanecer na zona de conforto.
Mas todas essas consequências negativas, elas ocorrem justamente por enxergamos a vulnerabilidade por uma ótica negativa, uma fraqueza. Quando mudamos essa perspectiva a história é outra, por isso, temos muito a aprender com a Brené Brown.
Brené Brown tem uma das palestras do TED Talks mais assistidas, tanto nela como em suas obras, a autora nos apresenta a vulnerabilidade como algo positivo.
O quão corajoso alguém precisa ser para ser vulnerável? Se entregar ao imprevisível, arriscar-se mesmo sem a garantia do resultado final… Como podemos ver isso como algo negativo?
Estar vulnerável não é algo fácil e nem pretende ser, mas o que Brown nos ensina é que ela é a oportunidade perfeita para medir a nossa coragem e nos impulsionar.
A autora nos mostra que o poder em ser vulnerável está em nos dispor a situações e as outras pessoas e reconhecer as nossas imperfeições com honestidade e autenticidade. Desapegar da ideia de que o incerto nos enfraquece e baixar a guarda é estar aberto a oportunidades, abrir mão da necessidade de controle e confiarmos mais em nós mesmos.
O mercado de trabalho, como sabemos, é um ambiente que tende a ser altamente competitivo, onde é comum a busca pela perfeição. Portanto, é natural profissionais terem dificuldades em conceber a ideia de se mostrarem vulneráveis neste espaço.
Em contrapartida, não podemos esquecer também que o mercado se tornou algo dinâmico, que tem demandando cada vez mais habilidades comportamentais, sociais e humanas. Tudo isso nos colocou em um cenário onde profissionais devem estar mais preocupados em “ser melhor” do que “ser o melhor”. Reinventar-se, manter-se em constante aprendizado, trabalhar em equipe, tudo isso é o que espera o mercado, e o que é a vulnerabilidade se não aceitar as imperfeições, trocar com o outro, aceitar ajuda, aprender e se desenvolver.
Um profissional vulnerável é aquele que aceita o risco, que não tem medo dos desafios em suas atividades e/ou projetos, que sabe receber feedbacks e utilizar críticas construtivas ao seu favor.
Também é algo que está conectado com algumas soft skills que hoje são altamente procuradas no perfil profissional de qualquer área de atuação, como é o caso do autoconhecimento e da inteligência emocional.
O autoconhecimento não é uma tarefa simples, não tem início, meio e fim. É um processo que não ocorre do dia para a noite. Seja no âmbito pessoal ou profissional, uma pessoa enfrentar dilemas, se reconhecer, entender e encontrar é uma tarefa que demanda estar vulnerável para aceitar e lidar com sentimentos e sensações que geralmente não gostamos nem de sentir nem de falar como, por exemplo, a dor, vergonha e o medo.
Quando estamos disponíveis a sermos vulneráveis, estamos abertos a lidar de forma honesta com o que sentimos, mesmo quando esses sentimentos nos afligem.
A inteligência emocional é justamente a habilidade que coloca em prova a nossa capacidade de lidar com situações e pessoas de forma saudável, gerenciando uma emoção de forma a entender, assimilar e agir da melhor maneira.
Depois de tudo o que abordamos neste texto, você consegue avaliar como lida com a vulnerabilidade? É natural termos resistência a isso, afinal, estamos muito acostumados a vestir uma armadura, pois aprendemos que de alguma maneira esse é um jeito mais fácil de encararmos certas situações.
Mas eu te convido a refletir e pôr em prática o estar vulnerável e ver quantas oportunidades de desenvolvimento isso pode te trazer.