Quando nasce um profissional? Essa é uma pergunta muito importante para falarmos sobre o assunto de hoje.
Nossa vida é uma sequência de aprendizados, entramos cedo na escola, passamos pelo processo de alfabetização, vamos evoluindo o nível de conhecimento a cada ano, até que chegue o momento de escolhermos um caminho, uma carreira. Mas, se passamos por todo esse processo de construção de repertório e aprendizagem, porque insistimos na ideia de que as nossas escolhas profissionais são algo a ser pensado somente após a escola, durante o período de ingresso na universidade?
Claro que quando crianças e adolescentes não temos noção, entendimento ou até mesmo interesse sobre o que seremos no futuro, esse não é o ponto aqui. Mas, a partir do momento em pensarmos em um sistema educacional que compreenda essa fase das nossas vidas, como fundamental para construção de um direcionamento e orientação além das matérias bases, com foco também no indivíduo, veremos que só temos a ganhar para a formando jovens cada vez mais maduros e menos inseguros.
Fim do ensino médio, é hora de tomar decisões, traçar objetivos, ser coerente com quem se é e com aquilo que deseja. E agora?
Expectativa: jovens que desde cedo são incentivados ao autoconhecimento e que, por isso, tem o mínimo de noção do que querem para o seu futuro, cientes das possibilidades e desafios do mercado de trabalho.
Realidade: jovens confusos e indecisos acerca do que desejam para o próprio futuro, desconhecimento sobre os desafios e tudo o que precisa ser desenvolvido para se tornar um profissional de sucesso, bem como, uma visão curta e, às vezes, até obsoleta sobre as suas possibilidades como profissional.
Infelizmente, essa é uma realidade muito mais comum do que imaginamos ou gostaríamos, o que nos mostra nitidamente a importância da orientação profissional e, principalmente, os ganhos em instruirmos nossos jovens desde cedo, ainda nas escolas.
Já faz tempo desde que sofremos mudanças significativas nas nossas relações, sejam elas sociais, organizacionais, pessoais, familiares, econômicas, educacionais ou tecnológicas. Tudo mudou e não precisamos ir longe para perceber, a uma geração atrás o cenário era outro, a uma geração à frente, provavelmente já teremos muito a acrescentar neste texto, por exemplo. Toda essa metamorfose que estamos vivendo, nos coloca em frente a uma sociedade onde o autoconhecimento é a chave, e onde diante da facilidade de acesso à informação de forma tão dinâmica, cada vez mais há a exigência de um indivíduo crítico, criativo, reflexivo, íntegro e autônomo.
Neste cenário, a Orientação Profissional é uma poderosa ferramenta para termos jovens mais engajados nos estudos e preparados para os desafios do mundo do trabalho.
Estamos falando de um processo de estímulo ao autoconhecimento e orientação para escolhas conscientes, responsáveis e autônomas. Ou seja, a orientação profissional, hoje, não deve ser tratada como algo a mais, ou um diferencial, ela é necessária para o alinhamento das habilidades, interesses e características do indivíduo e deve ser sim uma prioridade no modelo educacional das escolas.
O que as escolas precisam praticar hoje para formar indivíduos conscientes de si e do mundo que estão prestes a enfrentar? Como preparar jovens transformadores das realidades em que vivem? Vamos entender o que as escolas podem fazer:
Ainda na escola vivenciamos o sentimento de dúvida e a sensação de estarmos pressionados a não errar na hora de decidir a profissão ideal. Contudo, em um cenário onde o aluno já vem sendo preparado, orientado para o desenvolvimento profissional, torna-se mais fácil organizar os pensamentos, avaliar as habilidades e os gostos e, assim, definir propósitos de vida.
Além de evitar frustrações, é algo que ajuda o adolescente a pensar em estratégias que ajudarão na sua formação, para enriquecer o seu currículo quando ingressar na graduação ou no mercado. Por exemplo, é possível adotar ações para desenvolver as capacidades esperadas para cada profissão, como fazer cursos extras que ajudem nessa preparação e também investigar e aprofundar mais sobre a área.
Decidir sobre o futuro, e o caminho profissional seguir é algo que tem resposta no autoconhecimento. Nesse sentido, contar com o suporte da escola pode ser de grande ajuda, visto que o simples incentivo é, por muitas vezes, o ponto de partida para a reflexão e a autoanálise.
Esse processo de autoconhecimento que é estimulado também tem o propósito de separar as expectativas e objetivos do jovem das influências de outras pessoas. A família, os amigos e até os professores podem interferir na decisão do aluno, o que traz o risco de fazer uma escolha que trará infelicidade.
Como mencionamos, um aspecto importante da orientação profissional é conhecer mais sobre a profissão escolhida e sobre o mercado de trabalho em si. Já se foi o tempo de ensinarmos aos nossos jovens que existe uma receita pronta e que após sua formação ele deve encontrar um emprego seguro ou realizar algum concurso público.
O mundo mudou e o mercado também, as possibilidades hoje são cada vez mais amplas e diversas. Então é muito importante que esses novos profissionais sejam capazes de compreender suas opções para assim conseguir amadurecer a sua percepção a respeito da área que deseja.
Uma das maiores dificuldades que observamos nessas novas gerações de profissionais é a insegurança de não seguir o caminho que trará maior satisfação.
Assim, quando falamos em dar base e preparar esses jovens desde muito cedo, estamos falando em transmitir para eles a segurança de quais são os próximos passos e o que será necessário. Dessa forma, conseguimos evitar muito a ansiedade nesse processo, bem como, amenizar a dificuldade de filtrar tantas informações que podem ser encontradas a respeito do mercado de trabalho.
E então, você que está lendo esse texto, já passou por isso? Ou tem filhos e percebe essa deficiência em alguns modelos educacionais nas escolas? Conhece jovens que estão passando por esse momento de decisão sem a preparação certa? Concorda que nossos jovens precisam dessa base para que no momento de realizar suas escolhas se sintam menos ansiosos e sejam mais assertivos, evitando frustrações? Faça essa reflexão!