Atitudes que hoje são consideradas “cringe” no mercado de trabalho atual

Nas últimas semanas algumas atitudes cringe pautaram boa parte das conversas dentro e fora da internet. Dificilmente alguém não se deparou com essa expressão recentemente, o assunto tem gerado memes, testes e, principalmente, reflexões sobre as diferenças geracionais.

Cringe é uma palavra que deriva da língua inglesa, e tem sido utilizada como uma gíria para se referir a situações consideradas como desconfortáveis, constrangedoras e ultrapassadas. 

No entanto, a popularização do termo se deu após discussões acaloradas que foram protagonizadas entre a Geração Z, que compreende pessoas que nasceram depois da primeira metade dos anos 1990 e 2010, e os integrantes da Geração Y, também conhecido como Millenials, que são os nascidos entre 1980 e 1995.

O início disso tudo foi uma lista de comportamentos adotados pelos Millenials que a Geração Z considera antiquados e vergonhosos. Ou seja, cringe! Entre essas atitudes estiveram, por exemplo, o hábito de tomar café da manhã, chamar cerveja de “litrão”, usar a expressão “pagar boleto”, e ser fã dos filmes de Harry Potter e da série Friends. Assim iniciou o debate que tomou a atenção de todos.

Se você for parar para pensar, desse “conflito de gerações” conseguimos extrair bons recortes para serem discutidos e analisados, como o mercado de trabalho, por exemplo. Claro que as mudanças não vêm de agora e, num futuro próximo, o cenário será ainda mais diferente. 

Contudo, não precisamos ir muito longe para encontrar crenças, comportamentos e atitudes que já não fazem mais sentido tanto para a geração Z quanto para os Millenials. Inclusive, as duas gerações concordam que tudo o que listaremos a seguir é bem cringe.

1. Desenvolver apenas habilidades técnicas
   Os modelos educacionais tradicionais ainda são muito focados em desenvolver apenas habilidades técnicas. No entanto, sabemos que para conseguir lidar com as mudanças e quebras de paradigmas, são necessárias outras habilidades, como gerenciamento de emoções, organização, assertividade, colaboração, criatividade, flexibilidade e comunicação, por exemplo.
2. Graduações e MBAs como grandes diferenciais
   Ter um curso técnico, uma graduação e uma pós-graduação ainda faz muita diferença, mas o profissional não deve considerar que apenas isso basta. A estagnação não combina com o futuro, e por isso é importante manter-se atualizado com cursos, capacitações e leituras. O diploma de uma graduação sozinho, não é mais um diferencial para o mercado, mas a busca por desenvolvimento e aprendizado que parte do próprio indivíduo é.
3. Ficar no mesmo emprego a vida toda
   A maioria dos profissionais de hoje são movidos a desafios, e eles nem sempre são encontrados na empresa em que estão vinculados. Assim, o colaborador sente mais liberdade para buscar novas oportunidades, tanto para ter outras experiências quanto para se sentirem mais valorizados. Hoje o propósito começa a tomar conta dos altos salários e o profissional se motiva para encontrar o que faz mais sentido para ele.  Sabemos que as futuras gerações terão que se reinventar constantemente e deverão aprender, desaprender e reaprender de forma dinâmica e bem mais contínua. (Falaremos isso na próxima coluna).
4. Concursos públicos como ideais de sucesso e prosperidade
   Que pessoa, principalmente os mais jovens, nunca ouviu de algum parente mais velho que alguma instituição pública estava realizando um concurso? Claro que a estabilidade é uma segurança, o cargo e a remuneração podem até ser bons, mas será que isso, a longo prazo, fará algum sentido? A geração atual, como falamos anteriormente, almeja por desafios e por oportunidades que possam agregar valor e experiência à sua carreira e à sua vida.
5. Crença de que empreender não é uma opção
   Antes de iniciar um debate sobre essa crença, é preciso lembrar que existe uma grande diferença entre aquele que empreende por necessidade e aquele que empreende por opção. No passado, muitas pessoas abriam seu próprio negócio por não terem perspectivas de trabalho, já que precisavam obter renda para sustentar suas famílias. Assim, muitas empresas nasceram sem nenhum planejamento, estrutura e perspectiva de crescimento. Mas por outro lado, quem empreende por opção é aquele que deseja ter a sua própria empresa e busca meios para tirá-la do papel. Hoje temos disponíveis inúmeras ferramentas que ajudam essa pessoa a planejar seu tipo de negócio, avaliar cenários e riscos e permitindo analisar cenários e hipóteses de maneira muito mais assertiva do que antes. A geração atual flerta constantemente com o empreendedorismo, pois enxerga nele oportunidades de crescimento tanto pessoal quanto profissional. 
6. Profissões mais convencionais são as mais almejadas
   Todas as profissões e cursos mais tradicionais como medicina, engenharia e direito,, ainda estão em alta, no entanto, já não são sinônimos de sucesso e boa remuneração por toda a vida. A internet e os avanços da tecnologia abriram um campo muito vasto de profissões, inclusive, propiciando ocupações ligadas à criatividade, aos negócios e às mais diferentes soluções, coisas que, no passado, não existiam e estavam longe de serem consideradas. Além disso, alguns estudos já apontam que, em uma projeção para 2030, 85% das atividades profissionais que estarão disponíveis no mercado ainda não existem.

Todos esses pontos já são vistos com outros olhos pelo mercado de trabalho, e é preciso desenvolver essas habilidades nas gerações mais recentes. A criatividade, uma boa comunicação e a adaptabilidade são e serão cada vez mais fundamentais para a inserção e permanência dos jovens no mercado de trabalho.

É fato que as formas de ensino atuais também precisam se modernizar, justamente para valorizar essas características e desenvolvê-las, tornando o processo de aprendizagem mais atrativo e prazeroso, proporcionando mais oportunidades aos estudantes. E além disso, também torna-se cada vez mais necessário que as famílias e escolas incentivem os jovens a serem protagonistas da transformação de si mesmos, de sua educação e das suas realidades.

Com essa visão holística sobre as gerações e habilidades exigidas no mercado de trabalho, desenvolvemos o Geração Larch, um programa que visa o desenvolvimento de habilidades e competências, e promover a orientação profissional de jovens, com idade entre 14 a 21 anos, que estão iniciando sua preparação para a vida e para o mercado de trabalho.