Career catfishing e office ghosting: o que está por trás desses comportamentos da geração Z?

O mercado de trabalho está em constante evolução, e com a chegada da Geração Z às empresas, novos comportamentos vêm desafiando modelos tradicionais de recrutamento e gestão de talentos. Entre as tendências que estão chamando atenção estão o career catfishing e o office ghosting. Esses fenômenos revelam um novo tipo de relação entre os jovens profissionais e o ambiente corporativo, muitas vezes pautada por desconfiança, busca por flexibilidade e questionamentos sobre cultura organizacional.

Mas afinal, o que está por trás dessas atitudes? Como as empresas podem lidar com essa realidade e o que isso significa para o futuro do trabalho? Vamos explorar esses temas em profundidade.

O que é career catfishing e por que está acontecendo?

O termo career catfishing  faz referência ao conceito de “catfish” das redes sociais, onde alguém cria uma identidade enganosa para interações online. No contexto corporativo, pode se manifestar de diversas formas: desde candidatos que inflacionam seus currículos com habilidades que não possuem até aqueles que aceitam uma oferta de trabalho e simplesmente desaparecem antes mesmo de começar.

Esse comportamento tem causas variadas, e uma delas é a forma como as empresas estruturam seus processos seletivos. Muitas vezes, as descrições das vagas são extremamente atrativas, prometendo benefícios e cultura organizacional inovadora, mas a realidade interna é bem diferente. Quando o candidato percebe esse desalinhamento, seja durante o processo seletivo ou após receber a oferta, ele pode optar por sumir sem dar explicações.

Além disso, há a pressão por se destacar. Com a competitividade do mercado, muitos profissionais sentem que precisam “vender” uma versão melhorada de si mesmos para garantir uma oportunidade. E, nesse contexto, pequenos exageros sobre habilidades, experiência ou até mesmo interesse genuíno na empresa acabam se tornando comuns.

O problema? Assim que o profissional percebe que não conseguirá sustentar essa versão idealizada ou que a vaga não era exatamente o que imaginava, o desaparecimento se torna a opção mais fácil.

Office ghosting: o sumiço silencioso no ambiente de trabalho

Se no career catfishing o profissional desaparece antes mesmo de começar, o office ghosting acontece quando ele já está inserido na empresa, mas sua presença é mínima. Isso pode se manifestar de diferentes formas: desde a ausência física no escritório sem justificativa até a falta de engajamento em reuniões, projetos e interações com a equipe.

Esse fenômeno tem uma ligação direta com o modelo de trabalho híbrido ou remoto, que ganhou força nos últimos anos. Muitos profissionais da Geração Z foram inseridos no mercado durante a pandemia e não desenvolveram uma forte conexão com o ambiente físico da empresa. Para eles, o trabalho remoto é mais do que uma comodidade, é um critério essencial na escolha de um emprego.

Além disso, o office ghosting também pode ser uma resposta ao que chamamos de “hierarquia híbrida”. Enquanto alguns profissionais têm flexibilidade total, outros são pressionados a comparecer presencialmente. Essa desigualdade cria um desengajamento silencioso, onde o colaborador pode até estar na empresa, mas emocionalmente já se desligou dela.

O que esses comportamentos revelam sobre a geração Z?

A geração Z tem sido frequentemente criticada por sua relação com o trabalho, mas a realidade é que esse grupo não aceita mais as mesmas condições que gerações anteriores toleravam. Se há algo em comum entre o career catfishing e o office ghosting, é o fato de que ambos refletem um mercado onde os profissionais querem ter mais controle sobre suas carreiras e não aceitam permanecer em ambientes que não atendem às suas expectativas.

Essa geração valoriza autenticidade, propósito e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Quando uma empresa se mostra inconsistente, seja vendendo uma cultura irreal ou impondo regras pouco flexíveis, a resposta pode ser o afastamento. O sumiço, então, se torna um reflexo da falta de identificação com a vaga ou a empresa.

Outro ponto importante é a forma como a geração Z encara a comunicação. Crescendo na era digital, muitos jovens adultos preferem interações rápidas e diretas e, em alguns casos, evitam confrontos desnecessários. O ghosting, que já é uma prática comum em aplicativos de relacionamento e redes sociais, se transfere também para o ambiente profissional.

Impactos no mercado de trabalho e desafios para as empresas

As consequências dessas práticas são significativas para as empresas. O career catfishing impacta diretamente os custos com recrutamento e treinamento, enquanto o office ghosting reduz a produtividade e dificulta a criação de um ambiente de trabalho colaborativo.

Para os gestores, lidar com esses fenômenos exige uma adaptação nas estratégias de atração e retenção de talentos. Processos seletivos mais transparentes, comunicação clara sobre expectativas e um esforço real para construir uma cultura organizacional que valorize o profissional são algumas das medidas essenciais.

Conclusão: adaptando-se às mudanças trazidas pela geração Z

O mercado de trabalho está passando por uma redefinição nas relações entre profissionais e empresas. O career catfishing e o office ghosting não são apenas modismos, eles refletem uma nova forma de encarar a carreira, onde transparência, propósito e flexibilidade são cada vez mais valorizados.

As empresas que entenderem essa mudança e se adaptarem às expectativas da geração Z terão mais sucesso na atração e retenção de talentos. Da mesma forma, os profissionais que souberem equilibrar autenticidade e profissionalismo terão carreiras mais sustentáveis e alinhadas com seus objetivos.

O futuro do trabalho não será sobre quem pode impor mais regras, mas sobre quem consegue criar relações profissionais baseadas em confiança e propósito.